Tradições

Capeia Arraiana

A Capeia Arraiana é uma manifestação tauromáquica específica de algumas povoações do concelho do Sabugal próximas da fronteira com Espanha.

A Capeia Arraiana é única e diferente de outras manifestações tauromáquicas porque a lide do touro bravo é feita colectivamente e com o recurso do forcão.

É no mês de Agosto que se realizada a Capeia, juntamente com a festa patronal de cada comunidade. Geralmente é feita no largo principal da aldeia. Antes da Capeia faz-se o “encerro” e o “boi da prova”, e depois da Capeia o “desencerro”, com a qual termina.



Algumas Curiosidades – Históricas

A Nave é uma povoação muito antiga, dizendo-se que era já habitada no tempo dos Romanos. Efetivamente no seu limite têm aparecido sepulturas atribuídas à época em que eles dominaram a península, assim com algumas vasilhas de barro.
Em 1477 existia ali um Convento de Freiras, instalado, segundo se diz, no local onde tinha a sua residência o Sr. Augusto Jerónimo Metelo de Nápoles e Lemos, opulento proprietário da Nave. Acabou por causa das guerras com Castela, indo as Freiras para Almeida onde fundaram outro Mosteiro.

Era da invocação de Nossa Senhora do Souto. Foi fundado por três Irmãs da família dos Falcões de Pinhel, chamadas Grácia da Coroa, Ana da Conceição e Branca da Assunção, às quais se associaram outras mais. Do Convento que elas fundaram em Almeida saíram as fundadoras dos Mosteiros de S. Vicente da Beira e da Madre de Deus de Aveiro. Diz-se que a Capela de Santo Cristo que existe na povoação da Nave pertencia ao extinto Convento.
Esta povoação foi incendiada em 1642 pelos Castelhanos. Da Nave saiu em 29 de Agosto de 1643 o Governador da Beira, D. Álvaro Abranches, para tomar Albergaria, que ficava no Reino vizinho e tinha 300 vizinhos, não conseguindo o intento (“Portugal Restaurado, T.2º, pág. 8). Levava 6.000 Infantes, 2 peças e 400 cavalos.
É dessa época o cruzeiro do chafariz, que ainda podemos apreciar, datado de 1648.
Foi na mesma ocasião destruída a Igreja Paroquial, que mais trade foi restaurada. Mas nunca perdeu o nome de Igreja Matriz. Tem à direita e a poucos metros de distância uma elegante e elevada torre. Uma das poucas que há no Concelho do Sabugal.

Nela existe uma pedra tumular, sobre a sepultura de D. Justina da Fonseca, senhora extremamente virtuosa. Nessa vê-se uma inscrição, da qual consta ter falecido em 18 de Agosto de 1888 e ter deixado a quantia de 50,000 reis para a conclusão das obras da Igreja, além de muitas esmolas aos pobres.
Foi casada em segundas núpcias com José Joaquim Ribeiro, que por morte dela voltou para a Miuzela, sua terra Natal.
Enquanto a Igreja Matriz não foi reparada servia de Igreja Paroquial a Igreja de Santo António. Edificada no meio da povoação, em estilo moderno, mas solidamente construída. Tem um coro e púlpito regular e a capela-mor está muito bem ornamentada. O altar-mor é de boa talha dourada. Nas paredes da capela-mor existem sete quadros regulares.
Ao lado da capela-mor vê-se uma inscrição da qual apenas se pode copiar o seguinte:
D. LUIS DE O TAVARES
TUDO POREMBARCAR AL…
(ELEVS) OCEONOSARRE’……
DANDO………………………………..
Lê-se ainda ali a data, que parece de 1753. A inscrição está relacionada com a lenda da capela. Vendo-se um individuo – D. Luis de O. Tavares? Em eminente perigo de morrer no mar, fez um voto a Santo António, prometendo mandar erigir-lhe uma capela e um altar . Ficando salvo da tempestade, cumpriu o voto mandando edificar a Igreja e o altar nesta povoação.

A Igreja de Santo António serviu de Igreja Paroquial durante muitos anos, mas como era muito pequena para a população, a necessidade obrigou os vizinhos a restaurar a Igreja Matriz e que foi naturalmente construída nos tempos em que a Nave era a sede de uma grande freguesia , a que pertenciam as povoações da Lajeosa, Foios, Vale de Espinho, Vale das Éguas, Ruivós e Ruvina.